sexta-feira, 27 de março de 2015

A Reserva Naval em Macau 1968/70

Na década de 1960 começaram os primeiros destacamentos para comissões de serviço no Ultramar. Acontecimento singular foi o facto - único na História da Reserva Naval - de um oficial ter sido enviado para Macau. Foi o então 2º TEN AN RN, António Francisco Oliveira Miranda da Rocha. Ali permaneceu durante dois anos, legando ao Museu da AORN – Associação dos Oficiais da Reserva Naval, um valioso espólio histórico, constituído por dezenas de documentos e fotografias que relatam fielmente, em muitos domínios, o que foi a vida naquele território entre os anos de 1968 e 1970, incluindo a visita da Fragata “Comandante João Belo”, comandada pelo CFR Leonel Cardoso, por ocasião dos incidentes da revolução, na República Popular da China, encetada pelos guardas vermelhos.
 
Fotografia da sessão comemorativa do Centenário do Almirante Gago Coutinho em Macau, (da esq. para a dir.): CFR Manuel de Sousa Barbosa, Comandante da Defesa Marítima, Dr. Alberto Eduardo da Silva, Secretário Geral de Macau, General Nobre de Carvalho, Governador de Macau, Juíz Dr. Leal de Carvalho, Chefe dos Serviços Judiciais, o historiador/jornalista Luís Gonzaga Gomes e Miranda da Rocha proferindo a sua palestra. 
Miranda da Rocha, único Oficial da Reserva Naval que prestou serviço em Macau, (então 2º Tenente) publicou recentemente (2013) um livro intitulado "A Reserva Naval em Macau - 1968/1970", uma edição da AORN – Associação dos Oficiais da Reserva Naval, que contou com o apoio da Marinha, da Fundação Jorge Álvares e do Instituto Internacional de Macau 
Durante esse período Miranda da Rocha desempenhou funções no Comando da Defesa Marítima, foi adjunto comercial nas Oficinas Navais, pertenceu à Comissão Consultiva para os Assuntos Económicos, foi professor no Liceu Nacional Infante D. Henrique, presidente da direcção do Núcleo Recreativo de Marinha e membro do Conselho Fiscal do Clube Militar. 
Nas primeiras página do livro o autor explica o que o levou a escrever: 
"A primeira e única vez que a Marinha de Guerra Portuguesa destacou em comissão de serviço para a Província Ultramarina de Macau um seu oficial da Reserva Naval…Ocorreu entre 1968 e 1970. Volvidos tantos anos, saudosas memórias de enriquecedoras experiências levaram-me – correspondendo s incentivos amigos – a este testemunho. Recordações da obra e dos homens que, ao serviço da Armada, viveram em Macau num contexto de muitas e variadas dificuldades.Que do meu empenho nesta retrospectiva possam resultar gratas evocações para muitos intervenientes. (...) A Armada tem sido considerada como serviço silencioso, porque actua, geralmente, em horizontes longínquos, muitas vezes em missões de que apenas há notícia nos arquivos reservados da Marinha. Existe, por assim dizer, uma verdadeira névoa que oculta as acções do homem do mar, ficando por este modo e, em grande parte, no esquecimento os seus trabalhos, as suas fadigas, sacrifícios e sofrimentos. 
Até mesmo nas comissões mais ‘presas’ à terra, a projecção exterior daquilo que os homens do mar fazem sofre a influência da zona de silêncio em que normalmente trabalham. Não me parece, por isso, despropositado revelar o que registei sobre os Oficiais da Armada mencionados neste trabalho: hábeis profissionais de excepcionais faculdades de trabalho que, pela extensão dos seus conhecimentos e pelos seus dotes intelectuais, souberam valorizar, em contexto de graves dificuldades, a Marinha em Macau. E o enriquecimento da minha formação – que resultou do facto de ter sido inserido neste Quadro de Oficiais da Armada, num território onde coexistiam as civilizações ocidental e oriental – é motivo de inexprimível gratidão à Marinha de Guerra Portuguesa.”

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