domingo, 7 de abril de 2013

Origens do Teatro D. Pedro V

O teatro D. Pedro V é um dos exemplos mais antigos de arquitectura civil em Macau e á também o resultado do esforço da comunidade local para ter um teatro condigno. Os mais ilustres macaenses constituíram em 1857 uma comissão que levaria a bom termo as negociações com o Senado para que lhes fosse cedido o espaço. O terreno ficava no Largo de Santo Agostinho e, em 20 de Abril de 1859, foram aprovados os estatutos do novo teatro de Macau. 
Nas "Efemérides da História de Macau" Luís Gonzaga gomes escreve que em 1854 "Reuniram-se em assembleia vários moradores de Macau que elegeram uma comissão, composta de João Damasceno Coelho dos Santos, coronel João Ferreira Mendes, José Bernardo Goularte, José Maria da Fonseca, Francisco Justiniano de Sousa Alvim, Pedro Marques e José Joaquim Rodrigues Ferreira, para organizar uma sociedade de subscritores para a construção de um teatro. Até então todos os espectáculos de realizavam em «vistosos teatrinhos» que se armavam na encosta de Mato-Mofino, que deita sobre a Rua da Praínha; na porção do terreno da Praia do Manduco, depois ocupada pelo jardim do Barão de S. José de Portalegre; na Assembleia Filarmónica, que existia no largo de Santo António; no edifício do Hospital da Misericórdia; na residência do Juiz de Direito Sequeira Pinto; no «retiro campestre» de Santa Sancha, etc. teatrinhos esses que eram desarmados, uma vez dissolvidos os grupos de amadores que os animavam. Pensou-se, primeiramente, em instalar o teatro no edifício do Hospital S. Rafael. Tal ideia foi logo abandonada, pedindo a comissão ao governo o terreno do campo de S. Francisco, junto da rampa que conduz à entrada do quartel, pretensão esta que foi indeferida, sendo oferecida a cerca do extinto convento de S. Domingos. A Comissão, não gostando do local, requereu e obteve a 2 de Abril, o terreno do largo de S.º Agostinho. Correndo imediatamente a subscrição, em Macau e Hong Kong, o edifício do Clube e do Teatro D. Pedro V ficou quase concluído em Março de 1858, devido aos esforços do Cirurgião-Mor da Província, António Luís Pereira Crespo, Pedro Marques e Francisco Justiniano de Sousa Alvim. O risco e a direcção das obras foram da autoria do macaense Pedro Germano Marques.
O projecto é portanto do arquitecto Pedro Germano Marques em estilo neoclássico. Em 1872 "foi construída uma nova frontaria, um corpo avançado com uma colunata que suporta um imenso frontão triangular, obra projectada pelo barão do Cercal". Estas obras de restauro custaram 4 mil patacas e o teatro reabriu a 30 de Setembro de 1873 como se pode aferir numa notícia do jornal Gazeta de Macau e Timor: ”Abriu esta noite os seus salões o THEATRO DE D. PEDRO V – restaurado, elegante e perfeitamente armado, obras estas que deve à actual e incansável direcção que dotou o teatro com uns estatutos razoáveis, necessários e convenientes, trabalho este em que havia naufragado mais de uma direcção, havendo desgostos, discussões acaloradas e improdutivas.”
Poucos anos depois, em 1879 o teatro entra em falência com penhora.
No Boletim Oficial de 29-03-1879 é publicado o seguinte anúncio:
"Theatro D. Pedro V penhorado em execução movida pelo Leal Senado contra a sociedade proprietária". O teatro é vendido em leilão judicial por 1.400 reis (mais 672 reis pelos trastes), segundo o Boletim Oficial de 10 de Julho de 1880. Entretanto é fundado o Clube União e são os seus sócios (agremiados publicamente por escritura celebrada em 25 de Setembro de 1879) que adquirem o teatro, com o nome de Associação dos Proprietários do Theatro D. Pedro V; nos Estatutos do Clube União, aponta-se para um único fim: o clube deve manter o teatro, ao serviço da população portuguesa de Macau“.
No interior (com capacidade para 300 pessoas) destaca-se a decoração feita à imagem e semelhança dos teatros europeus de meados do século XIX. Foi o primeiro teatro de estilo ocidental a ser construído na China e em 2005 integrou a lista da Unesco de edifícios Património da Humanidade.

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