sexta-feira, 6 de abril de 2012

Confraria e Irmandade da Misericórdia

Perspectiva a partir do Largo do Senado. Madrugada do Verão de 2009. Foto de JB
A Santa Casa da Misericórdia foi fundada em Lisboa a 15 de Agosto de 1498, pela mão da Rainha D. Leonor e contou com o apoio do rei D. Manuel I. A Macau chegaria 71 anos mais tarde, em 1569, pelas mãos do bispo D. Belchior (ou Melchior) Carneiro (que chegara um ano antes) e com o nome de  Confraria e Irmandade da Misericórdia de Macau.
No “Compromisso", ou estatutos, ficamos a saber a finalidade do que começou por ser uma "Irmandade"  criada em Lisboa por cerca de uma centena de irmãos, que actuavam junto dos chamados "envergonhados", os pobres, presos, doentes a quem era dado um tecto, comida, roupa e medicamentos. "Existe para dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça social, dentro do espírito católico e de caridade cristã, que enforma as Misericórdias Portuguesas, para prosseguir entre outros os seguintes objectivos, mediante a concessão de bens e a prestação de serviços; apoio à integração social e comunitária; e protecção do cidadão na velhice e invalidez e em todas as situações de carência ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho."
A Rainha D. Leonor (viúva de D. João II) criou esta Irmandade como invocação a Nossa Senhora de Misericórdia, precisamente no ano em que os navegadores portugueses atingiam a Índia. O “Compromisso” (ou regulamento) originário da Misericórdia de Lisboa, foi aprovado pelo Rei D. Manuel I e depois confirmado pelo Papa Alexandre VI. Deste documento foram feitas diversas cópias. Uma edição impressa em 1516 permitiu a divulgação mais rápida do texto e facilitar a criação de 'réplicas' por todo o Reino e nos territórios de além-mar. Foi graças a D. Belchior Carneiro, o primeiro dos Bispos de Macau, que a Santa Casa se estabeleceu em Macau.
década 1970 vs década 1900
A Santa Casa está em Macau praticamente desde o estabelecimento dos portugueses em 1554. São quase cinco séculos de existência. No Largo do Senado destaca-se um edifício d cor branca classificado como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO. Esta fachada com traços neoclássicos é alvo predilecto das fotografias dos turistas e não pertence ao edifício original. Mas isso é outra história...
É de realçar o Núcleo Museológico, espaço que contêm um acervo de peças valiosíssimas da arte sacra, algumas datadas do século XVI. Foi recentemente ampliado e pode ser visitado. Falar da história de Macau é falar da história da Santa Casa. Foi e continua a ser assim...
 Inauguração do busto de D. Belchior nas instalações da Santa Casa, Verão de 2000
D. Belchior Carneiro chegou a Macau em 1568 e um ano depois criou a Santa Casa. É essa informação que dá numa carta dirigida ao padre geral jesuíta: "Quando cheguei a este porto, dito do nome de Deus, havia cá poucas habitações de portugueses... Mal cheguei, abri um hospital, onde se admitem tanto cristãos como pagãos... Criei, também, uma Confraria da Misericórdia... para prover a todos os pobres e envergonhados e aos que precisem..."
Sugestão de leitura adicional:
"O Compromisso da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Macau de 1893", de Leonor Diaz de Seabra, Centro de Publicações, Universidade de Macau, 2004

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